quarta-feira, 19 de maio de 2010

E agora?

E é tão estranho quando a gente sofre por amor. Quando se perde um amigo, você sofre, e todos que o conheciam sofrem junto. Agora, quando se perde um amor a dor é só sua, e de mais ninguém. Não há como dividir. Tudo parece que só a multiplica.

Tarefa difícil se despedir, ainda mais quando necessária. Mais difícil é imaginar você dividindo a vida com outra pessoa. Meu medo é que me esqueça e me jogue em uma daquelas gavetas onde enfiamos os diplomas que lutamos para conquistar, mas que agora não nos são mais necessários.

Me diga: e agora? O que eu faço? Não sei! Eu, tão dedicada às palavras de amor, não sei o que dizer a mim mesmo. E agora? Não sei de quem eu vou roubar o limão da cuba, de quem eu vou guardar as caixinhas de chicletes, para quem eu vou contar as mil frases de filmes que eu decorei, não sei com quem eu vou implicar, em quem eu vou jogar água e correr dos sprays, o livro de quem eu vou sujar de goiaba, quem vai me fazer sentir a mais feliz e idiota dos seres, quem vai me dar o jornal O Globo de 30 de maio ou a revistinha da Magali. As lembranças e a distância me aproximam do que eu não quero viver, e me afastam daquele mundo que só entendíamos nós dois. Parece até que o amor é isso, quando a gente deixa de fazer sentido para os outros

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